quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Pensava, acima de tudo, na propriedade do tempo, que anteriormente era tratado de forma real, agora passava a ter conotação significativa e empirística. Buscava ser uma experiência temporal a partir do protesto pela vida explosiva, movimentada, heróica.
Marinete, influenciado por Nietzsche, inclusive conclui seu manifesto fundador do futurismo com uma declaração arrebatadora:

"(...) o mais velho entre nós tem trinta anos...quando tivermos quarenta, que outros – mais novos e audaciosos nos atirem para o cesto dos papéis como manuscritos inúteis! Apressar-se-ão a matar-nos, o seu ódio tanto mais forte quanto os seus corações estarão dominados com ódio e admiração por nós! E a poderosa e saudável injustiça brilhará nos seus olhos. Porque a arte só pode ser violência, crueldade e injustiça.”
(O cubismo, o futurismo e o construtivismo, p. 32)

Nesse momento, o futurismo era mais um impulso que um estilo, inclusive não se havia pensado ainda em que forma a arquitetura futurista teria, isso viria posteriormente.
O pensar a nova arquitetura se iniciou a partir das reflexões de um escultor envolvido no movimento, Boccioni, que escreveu:

"(…) encontramos nos países germânicos uma ridícula obsessão por um estilo gótico helenizante que é industrializado em Berlim e debilitado em Munique."
(Frampton, p. 96)

Além de possuir também um desejo de incorporação da escultura em seu meio ambiente de forma mais ampla e duradoura, isso conota uma preocupação arquitetônica, chegando a afirmar em seu prefácio ao catálogo da primeira exposição da escultura futurista em 1913:

"(…) a busca da forma naturalista afasta a escultura ( e também a pintura) tanto de suas origens quanto de seu fim último: a arquitetura."
(Frampton, p. 96)

"(…) todas essas convicções me forçam a procurar na escultura não a forma pura, mas o ritmo plástico puro: não a construção de corpos, mas a constru8ção da aço de corpos. Assim tenho por ideal não uma arquitetura piramidal( esta do estático), mas uma arquitetura em espiral ( dinamismo). (...)além do mais, minha inspiração procura, através da pesquisa diligente, uma fusão completa do ambiente e do objeto mediante a interpenetração dos planos."
(Framptom, p. 97)

"(…) nada no mundo é mais belo que uma central elétrica fervilhando de atividade, retendo as pressões hidráulicas de toda uma cordilheira e a energia elétrica para toda uma paisagem, sintetizadas em painéis de controle onde proliferam as alavancas e os comutadores reluzentes."
(Frampton, p. 97)

Essa ultima declaração, de Marinette, de uma visão do esplendor mecânico encontrou um perfeito exemplo na central elétrica projetada por um jovem italiano, o arquiteto Sant’élia na mesma data. Até 1012, este mantinha-se isolado dos futuristas, estando ligado ao movimento secessionista italiano. Contudo, depois deixa-se seduzir pelo movimento novo revolucionário, levando esse pensamento a público com a publicação do messagio, onde ele indica a maneira que a arquitetura deveria adotar a partir dali, de forma antisecessionista, ele afirma:

"(…)o problema da arquitetura moderna não consiste em reajustar suas linhas; não é uma questão de encontrar novas molduras, novas arquitraves para portas e janelas; tampouco se trata de substituir colunas, pilastras e modilhões por cariátides, vespões e rãs, etc. (...). mas sim de erguer a nova estrutura edificada em um plano ideal, valendo-se de todos os benefícios da ciência e da tecnologia (...), estabelecer novas formas, novas razões para a existência exclusivamente a partir das condições especiais da vida moderna e de sua projeção como valor estético em nossas sensibilidades."
(O Futurismo Italiano, p. 156)

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