quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Nessa linha de pensamento, Sant’elia declara combater:

"1. Toda a pseudo-arquitetura de vanguarda, austríaca, húngara, alemã e americana;
2. Toda a arquitetura clássica, solene, hierática, cenográfica, decorativa, monumental, graciosa, agradável;
3. O embalsamento, a reconstrução, a reprodução dos monumentos e palácios antigos;
4. As linhas perpendiculares e horizontais, as formas cúbicas e piramidais porque soa estáticas, graves, oprimentes e totalmente estranhas à nossa novíssimas sensibilidade;
5. O uso de materiais maciços, volumosos, duradouros, antiquados, custosos.”

E proclama:

"1. Que a arquitetura futurista é a arquitetura do cálculo, da audácia temerária e da simplicidade; a arquitetura do cimento armado; do ferro, do vidro, do papelão, da fibra têxtil e de todos os sucedâneos da madeira, da pedra e do tijolo que permitem a obtenção da máxima elasticidade e leveza;
2. Que a arquitetura futurista não é por isso uma árida combinação de praticidade e de utilidade, mas permanece arte, isto é, síntese, expressão;
3. Que as linhas oblíquas e elípticas são dinâmicas, por sua própria natureza possuem uma potência emotiva mil vezes superior à das perpendiculares e horizontais, e que não pode existir uma arquitetura dinamicamente integrada fora delas;
4. Que a decoração, como alguma coisa de sobreposto à arquitetura, é um absurdo, e que somente o uso e da disposição original do material tosco ou nu ou violentamente colorido provocam o valor decorativo da arquitetura futurista;
5. Que, como os antigos buscaram a inspiração artística nos elementos da natureza, nós – material e espiritualmente artificiais - devemos encontrar aquela inspiração nos elementos do novíssimo mundo mecânico que criamos, do qual a arquitetura deve ser a mais bela expressão, a síntese mais completa, a integração mais eficaz;
6. A arquitetura como arte de se dispor as formas dos edifícios segundo critérios preestabelecidos terminou;
7. Por arquitetura deve-se entender o esforço de harmonizar com liberdade a grande audácia o ambiente e o homem, isto é, tornar o mundo das coisas uma projeção direta do mundo do espírito;
8. De uma arquitetura assim concebida não pode nascer nenhum hábito plástico e linear, porque as características fundamentais da arquitetura futurista serão a caducidade e a transitoriedade. As coisas durarão menos que nós. Cada geração terá de fabricar a sua própria cidade. Esta constante renovação do ambiente arquitetônico contribuirá para a vitória do futurismo, que já se afirma com as palavras em liberdade, o dinamismo plástico, a música sem compasso e a arte dos rumores e pelo qual lutamos sem trégua contra a velhacaria passadista."
Milão, 11 de julho de 1914
(O Futurismo Italiano, p. 158-159)

E, depois, define e passa a refletir acerca da estimulante paisagem em grande escala de um novo mundo industrial por natureza. E, logo, transcendo o campo das idéias como mera imaginatividade psicológica e as torna vivas e perenes a partir de esboços para a “città nuova”, mas sua idéias não são totalmente coerentes com os seus preceitos, onde este se dizia contra toda arquitetura comemorativa, e por conseqüência, por todas as formas estáticas e piramidais, seus desenhos estão repletos de monumentos, como centrais elétricas grandiosas, maciças e quase sempre simétricas e como os blocos de edifícios que se levantam de forma cenográfica, e confrontando de forma absurda com o ideal inicial do movimento de que as casa, assim como tudo, devia ser passageiro, quando, na verdade, mostravam um caráter de durabilidade exacerbado. No entanto, demonstrava uma vontade de se conseguir introduzir o futurismo na cidade, como é de se esperar, contudo não com muito sucesso.

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