Carlitos surgiu não se sabe de onde nem como, sempre através de um caminho, uma ponta de rua, do meio de uma multidão qualquer, num cenário simbólico da cidade industrial e problemática do modernismo não meramente como retrato histórico gratuito, mas como cenário sociológico, psicológico inclusive. Enaltecendo a liberdade, o ser sem se prender a nenhuma necessidade exterior, apenas vegetando, vivendo, existindo, de qualquer modo. Casa não tem, apenas a vontade de lutar e de sobreviver, talvez não seja um homem, mas sim o homem em sua síntese. Enfrenta todo um aprendizado do engano e da desilusão, todo um sofrimento humano a partir da experimentação de todos os empregos e dos desempregos.
Personagem de mais variados adjetivos: desgraçado, rejeitado, intratável, desajustado, incapaz, lutador, vagabundo, absurdo. Enfim, moderno.
A obra aqui abordada se consiste basicamente em uma sátira de mensagem social, como é normal de se ser. Onde tudo tem um sentido, nada é gratuito e leva a estimular a consciência humana contra a desumanização dos tempos modernos. A máquina, que fora inventada para ajudar o homem, acaba o escravizando, servindo-o de modelo. Já não é mais uma aliada, mas sim uma vilã, sua destruição.
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
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