quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Carlitos surgiu não se sabe de onde nem como, sempre através de um caminho, uma ponta de rua, do meio de uma multidão qualquer, num cenário simbólico da cidade industrial e problemática do modernismo não meramente como retrato histórico gratuito, mas como cenário sociológico, psicológico inclusive. Enaltecendo a liberdade, o ser sem se prender a nenhuma necessidade exterior, apenas vegetando, vivendo, existindo, de qualquer modo. Casa não tem, apenas a vontade de lutar e de sobreviver, talvez não seja um homem, mas sim o homem em sua síntese. Enfrenta todo um aprendizado do engano e da desilusão, todo um sofrimento humano a partir da experimentação de todos os empregos e dos desempregos.
Personagem de mais variados adjetivos: desgraçado, rejeitado, intratável, desajustado, incapaz, lutador, vagabundo, absurdo. Enfim, moderno.
A obra aqui abordada se consiste basicamente em uma sátira de mensagem social, como é normal de se ser. Onde tudo tem um sentido, nada é gratuito e leva a estimular a consciência humana contra a desumanização dos tempos modernos. A máquina, que fora inventada para ajudar o homem, acaba o escravizando, servindo-o de modelo. Já não é mais uma aliada, mas sim uma vilã, sua destruição.

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